Fundação Gregório de Matos distribui gratuitamente livro de Marilena Chauí

Paulo Lima - Presidente da Fundação Gregório de Matos

“Se examinarmos o modo como tradicionalmente o Estado opera no Brasil, poderemos dizer que, no tratamento da cultura, sua tendência tem sido antidemocrática. Não por ser o estado ocupado por este ou aquele grupo dirigente, mas pelo modo mesmo como o estado visou cultura”. Opiniões com esta, emitidas na palestra “Cultura e Democracia” realizada pela filósofa Marilena Chauí no final do ano passado no Teatro Castro Alves geraram grande debate, agradando grande parte do público presente no evento.

Motivada por isto, a Fundação Cultural Gregório de Matos (FGM) promoverá, entre os dias 12 e 31 de maio, a distribuição gratuita do seu último livro, Cultura e Democracia, lançado em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia dentro da coleção Cultura é o quê?. Serão 300 exemplares e, vale frisar, o prazo de distribuição pode ser antecipado caso os livros acabem antes do previsto. A FGM fica aberta das 13 às 19hs.

Para adquirir o mais novo lançamento de Marilena Chauí, basta que, qualquer pessoa ou instituição, compareça a portaria da sede da FGM (Rua Chile, 31) assine a lista e leve seu exemplar. A intenção deste ato, explica o presidente da FGM, Paulo Lima, é “dar segmento ao processo de mobilização cultural da cidade, que recentemente realizou sua II Conferência Municipal de Cultura e fortalecer os diversos agentes da sociedade na discussão sobre o panorama cultural”.

Professora do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo – USP e autora de diversos livros no campo da cultura e filosofia, Marilena Chauí traz ao leitor um debate que lança uma mirada sobre a articulação do autoritarismo social brasileiro com a acumulação capitalista neoliberal, bloqueando a criação da cidadania e promovendo questionamentos de relevante profundidade, sobre o discurso do poder cultura de elite e cultura popular.

Confira alguns trechos do livro:

“Massificar é o contrário de democratizar a cultura, ou melhor, é a negação da democratização da cultura.”

“Quanto à perspectiva estatal de adoção da lógica da indústria cultural e do mercado cultural, podemos recusá-la, tomando agora a cultura num sentido menos abrangente, isto é, como um campo específico de criação – criação da imaginação, da sensibilidade e da inteligência que se exprime em obras de arte e em obras de pensamento, quando buscam ultrapassar criticamente o estabelecido.”

“O que é uma relação nova com a cultura, na qual a consideramos como processo de criação? É entendê-la como trabalho. Tratá-la como trabalho. Tratá-la como trabalho da inteligência , da sensibilidade, da imaginação, da reflexão, da experiência e do debate e trabalho no interior do tempo é pensá-la como instituição social, portanto, determinada pelas condições materiais e históricas de sua realização”.

“Afirmar a cultura como um direito é por-se à política neo-liberal, que abandona a garantia dos direitos, transformando-os em serviços vendidos e comprados no mercado e, portanto, em privilégios de classe”.

http://www.cultura.salvador.ba.gov.br/